domingo, 13 de abril de 2008

Uruguai vai abrir todos os seus arquivos secretos sobre o exílio de João Goulart

Gonzalo Fernandez, ministro das Relações Exteriores do Uruguai, assumiu o compromisso de abrir todos os arquivos referentes ao exílio do presidente João Goulart (1961-1964), deposto pelos militares no golpe militar que instaurou a ditadura, de 1964 a 1985. O gaúcho Jango esteve exilado entre a Argentina e o Uruguai, países onde possuía propriedades rurais. Morreu em dezembro de 1976, na Argentina, oficialmente em razão de complicações cardíacas, mas sempre houve a suspeita de que tinha sido assassinado pela Operação Condor. Conforme Jair Krischke, conselheiro do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, que esteve reunido na semana passada com Fernandez, em Montevidéu, acompanhado de João Vicente Goulart (filho de Jango), ficou acertado que, além dos documentos existentes no âmbito do Ministério de Relações Exteriores, também será "desclassificado" o "farto material" existente na "Dirección Nacional de Inteligencia y Informaciones", o órgão de inteligência uruguaio. González prometeu a Krischke e João Vicente se empenhar para que a desclassificação dos documentos seja efetivada com rapidez. "Já fiquei sabendo da existência de farto material, tanto documental, por escrito, como fotográfico. É muito importante este gesto do governo do Uruguai. Serve para nós como um exemplo concreto de exercício pleno de democracia", afirmou Jair Krischke. Ele aproveitou para fazer uma crítica à forma como o assunto tem sido tratado no Brasil: "O lamentável é que no Brasil, frente aos outros países da região, estamos muito atrasados”. Mario Neira Barreiro, preso no Rio Grande do Sul desde 2003, ex-agente do serviço de inteligência uruguaio, diz que Jango foi morto por envenenamento a pedido do governo brasileiro, em operação supostamente financiada pela CIA. As mortes de Juscelino e Lacerda, no mesmo período, também são vistas por muitos como suspeitas. O uruguaio Mario Ronald Barreiro Neira relata a chamada "Operação Escorpião", que, segundo ele, resultou no assassinato de Jango. Neira diz que participou do grupo responsável pelo crime, o Gramma, que colocou comprimidos envenenados entre os remédios destinados a tratar os problemas cardíacos do ex-presidente João Goulart.

Nenhum comentário: