quarta-feira, 30 de abril de 2008

Grampo indica que vice do PDT receberia de esquema do BNDES

O relatório da Operação Santa Tereza, deflagrada contra esquema de desvio de recursos do BNDES, aponta mais dois nomes de políticos ligados ao PDT: José Gaspar Ferraz de Campos, vice-presidente estadual do partido, e Farid Madi, prefeito do Guarujá. Gravações de telefonemas da Polícia Federal indicam que Gaspar foi beneficiário da divisão de dinheiro de contratos fraudulentos. Em duas conversas distintas, quatro das 11 pessoas que tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça mencionam "a parte do Gaspar". No dia 23 de janeiro, o foragido Manuel Fernandes de Barros Filho, o Maneco, dono da construtora Fernandes & Bastos, e sócio do prostíbulo W.E., fala por mais de meia hora com o empresário Boris Bitelman Timoner sobre o empréstimo de R$ 126 milhões aprovado no BNDES para a Prefeitura de Praia Grande. A liberação do dinheiro garantiria ao grupo R$ 4 milhões (depois o repasse foi reduzido para R$ 2,6 milhões). Na partilha inicial, R$ 1 milhão, segundo os policiais depreenderam da conversa, seria para o "custo político" do esquema: o prefeito Alberto Mourão (PSDB) e "alguém do BNDES". Maneco ficaria com R$ 400 mil, só para "cobrir custos" do golpe. "De dois milhões e seiscentos, um milhão e trezentos seriam divididos por (Marcos Vieira) Mantovani, entre ele próprio, Paulinho (possivelmente o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, segundo a Polícia Federal), Ricardo Tosto e José Gaspar", registra o relatório. O construtor ainda ficaria com mais uma fatia do R$ 1,3 milhão restante, montante que seria repartido com Timoner, o assessor de gabinete do prefeito Mourão, Jamil Issa Filho, e o ex-conselheiro do BNDES e João Pedro de Moura, ex-assessor do deputado federal Paulinho da Força Sindical. No dia 11 de fevereiro o nome de Gaspar é citado em outra escuta, de Mantovani e João Pedro. Mantovani diz "que já recebeu a sua parte da propina referente ao esquema da Praia Grande". Conta que separou a parte do "RT e PA", que a Polícia Federal aponta como sendo Tosto e Paulinho. "João Pedro diz que tem que conversar sobre a parte do Gaspar", afirma o relatório. Outro pedetista, o prefeito do Guarujá, Farid Madi, também é citado. Issam Osman, filho de uma prima do prefeito, é apontado como "assessor informal" por obter "concessão de obras da prefeitura, obviamente sem licitação". Ele aparece no grampo de Maneco, cuja construtora conseguira duas obras no Guarujá. Nas gravações negociam no dia 13 de dezembro um projeto para a construção de um hospital, e Maneco "reclama que 2% não dá", o valor do desvio, segundo a Polícia Federal. As conversas prosseguem até 7 de abril, quando os dois falam sobre a liberação de verbas e Issam confirma que "liberou".

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