sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Técnico da empresa telefônica Oi confirma grampo no telefone de Marco Aurélio

O representante de Relações Institucionais da Oi (antiga Telemar), de telefonia fixa, Arthur Madureira de Pinho, confirmou na última quarta-feira, na CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas, que o ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, foi grampeado quando visitou o Rio de Janeiro. “O grampo ocorreu depois de novembro de 2005, quando saí da Gerência de Operações Especiais da empresa. Por isso, não sei detalhes dos desdobramentos do caso nem os rumos que a investigação tomou”, afirmou o técnico, que trabalha há 28 anos na companhia telefônica. Os parlamentares ficaram ainda mais surpresos com a afirmação de Madureira de Pinho de que há solicitações de escutas feitas pelas varas cíveis e trabalhistas, quando o normal é que o pedido de autorização seja feito pelas varas criminais. O ministro Marco Aurélio disse estar “perplexo” e “inconformado” com as afirmações do executivo da Oi fixo. “A situação é surrealista. Para haver grampo, teria de ter ordem de um juiz. Em relação a ministro do Supremo, a competência para deferir este tipo de autorização é do próprio Supremo. Será que um colega meu deu uma ordem como essa? A resposta é negativa. Então, foi um grampo clandestino como tantos outros. Se ousam a ponto de grampear o telefone de um ministro do Supremo, o que pode ocorrer com o cidadão comum? Viram as tripas dele ao avesso. Isso só se combate com mudança cultural e aplicação rigorosa da lei. Estou perplexo”, afirmou o ministro Marco Aurélio. E disse mais: “Sou um homem público e que está sujeito a isso. Não tenho nada a esconder. O grampo foi feito em 2006, ano eleitoral. Por que será que estariam me bisbilhotando?” A suspeita de grampo ilegal de ministros do Supremo Tribunal Federal foi divulgada pela revista Veja em agosto de 2007. Na ocasião, cinco ministros (Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Sepúlveda Pertence, Celso de Mello e Cezar Peluso) admitiram publicamente a suspeita de que suas conversas poderiam estar sendo ouvidas por terceiros sem autorização judicial. A suspeita do autor do grampo ilegal recaiu sobre a Polícia Federal. Um dos ministros mais incisivos na acusação da autoria do grampo foi Gilmar Mendes. À época, à Veja, Gilmar Mendes contou que teve certeza de que estava sendo vítima de escutas clandestinas desde o mês de junho de 2007, quando decidiu soltar pessoas detidas pela Operação Navalha. Instantes depois de avisar ao procurador-geral da República que mandaria soltar alguns presos, o ministro recebeu um telefonema de uma jornalista. Ela queria saber se o ministro iria mesmo soltar os presos. O ministro, então, perguntou ao procurador se ele havia comentado o assunto com alguém. A resposta foi negativa. Gilmar Mendes concluiu que estava sendo monitorado e pediu providências ao ministro da Justiça, Tarso Genro.

Nenhum comentário: