sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Terroristas das Farc soltam as reféns Clara Rojas e Consuelo González

Clara Rojas e Consuelo Gonzalez, que estavam seqüestradas pela organização terrorista e traficante de cocaína Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), foram soltas nesta quinta-feira, depois de mais de cinco anos de cativeiro. Um helicóptero venezuelano resgatou Clara Rojas e Consuelo González na selva colombiana e as levou para o outro lado da fronteira. TVs mostraram as duas mulheres se despedindo dos seus sequestradores na selva e falando por telefone por satélite com o presidente venezuelano, o cantinflesco tiranete Hugo Chávez, a quem agradeceram pela mediação. A ex-assessora política Clara Rojas, 44 anos, está mais magra e seu cabelo castanho lhe cai sobre o rosto. Tanto ela quanto a companheira pareciam cansadas e pálidas, mas bem de saúde. Elas se despediram das guerrilheiras com beijos e apertaram as mãos dos homens, em uma clareira aberta na região da cidade colombiana de San José del Guaviare. Chávez prometeu continuar trabalhando pela libertação de dezenas de outros reféns, apesar de ter sido afastado no final do ano do papel formal de mediador, depois de irritar o governo colombiano por manter contatos com a cúpula das Forças Armadas. "Tomara que possamos em breve falar de um segundo grupo (de reféns libertados)", disse Chávez ao comentar ao vivo pela TV a chegada dos helicópteros à Venezuela. "Ainda parece que estou sonhando", disse com olhos marejados Clara de Rojas, mãe da refém quase homônima. A França, que acompanha o caso diretamente por envolver a ex-candidata a presidente da Colômbia, Ingrid Betancourt, que também tem cidadania francesa e é refém desde 2002, elogiou o processo que levou à mediação. “A França está satisfeita", disse o presidente Nicolas Sarkozy. Clara Rojas e Consuelo González chegaram na tarde desta quinta-feira ao aeroporto de Maiquetía, em Caracas, capital da Venezuela. As duas reféns foram libertadas na selva colombiana em uma ação organizada pelos governos da Venezuela e da Colômbia em colaboração com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Rojas estava em poder das Farc desde 23 de fevereiro de 2002, e González estava em cativeiro desde 10 de setembro de 2001. Ambas foram recebidas por familiares em Caracas. A nova operação de resgate, que teve início às 6 horas do horário local (9 horas em Brasília), foi autorizada na quarta-feira pelo governo colombiano. Dessa vez, a missão contou somente com a participação do governo venezuelano e do CICV. O chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, transmitiu a seu homólogo colombiano, Fernando Araújo, o pedido de autorização para a entrada em território colombiano de helicópteros venezuelanos com o emblema da Cruz Vermelha depois que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou ter recebido das Farc as coordenadas do local da libertação. O anúncio da nova missão veio uma semana após o fracasso da operação anterior, planejada para resgatar Gonzáles, Rojas e seu filho Emmanuel, nascido em cativeiro. Clara e Consuelo chegaram de helicóptero ao aeroporto da cidade venezuelana de Santo Domingo às 13h40, hora local (16h10 em Brasília) e caminharam abraçadas com a equipe de resgate em direção ao avião que as levaria ao aeroporto internacional em Caracas. As filhas de Consuelo González de Perdomo disseram que estavam ansiosas por reencontrar a mãe de 57 anos, seqüestrada em dezembro de 2001. "Estamos muito, muito felizes. Espero que esta felicidade chegue a todos os familiares dos seqüestrados da Colômbia. Estamos contando os segundos para encontrá-la", disse sorridente Maria Fernanda Perdomo. A outra filha de Consuelo, Patricia Perdomo, disse que continuará trabalhando para libertar aos outros reféns que ainda estão em poder das Farc. O ministro colombiano da Defesa, Juan Manuel Santos, disse estar satisfeito com a libertação das reféns e disse que cumpriria ao "pé da letra" a promessa de cessar-fogo na área em que foram libertadas as reféns. "Não haverá nenhum tipo de operação até as seis da tarde", afirmou. Santos disse que o método em que foram libertadas Clara e Consuelo é uma mostra de que não há necessidade de uma retirada militar para que novos reféns sejam colocados em liberdade. A retirada militar é a principal reivindicação das Farc para dar continuidade ao acordo humanitário com o governo, no qual se prevê a libertação de pelo menos 45 seqüestrados em troca de 500 guerrilheiros presos.

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