sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Itália pede extradição de acusados da Operação Condor

O governo italiano pediu a extradição de mais de 100 ex-líderes sul-americanos e seus subordinados, acusados pelo desaparecimento, tortura e morte de italianos na repressão a opositores políticos durante os anos de 1970 e 1980, informou nesta quinta-feira o promotor Giancarlo Capaldo. As autoridades italianas fizeram o pedido para 139 pessoas envolvidas nas ditaduras militares do Chile, Uruguai, Argentina, Brasil, Bolívia e Paraguai, e suspeitas de rapto e assassinato de 25 italianos. Os suspeitos incluem o ex-chefe da junta argentina, Jorge Videla, e o ex-ditador uruguaio, Juan Bordaberry. Capaldo disse que espera resposta aos pedidos de extradição nos próximos meses. Na lista estão incluídos 13 brasileiros. Entre eles, oito estão mortos e quatro, que moravam no Rio Grande do Sul, estão vivos: João Oswaldo Leivas Job, ex-secretário de Segurança; Átila Rohrsetzer, ex-diretor da Divisão Central de Informações; Carlos Alberto Ponzi, coronel da reserva; e Marco Aurélio da Silva Reis, ex-chefe do Dops gaúcho. Há ainda o general Luiz Henrique, ex-chefe do Estado-Maior do 3º Exército, que não se sabe se está vivo. Segundo o promotor, os procedimentos do julgamento continuarão mesmo que os acusados não sejam extraditados, já que a lei italiana permite que suspeitos sejam julgados "in absentia". Disse Capaldo: "As famílias das vítimas vieram até nós porque nos seus países não houve nenhum julgamento desses fatos. Mesmo depois de tantos anos, é preciso que a justiça seja feita". Todos os denunciados no inquérito de Capaldo estão sendo investigados por rapto, e várias das acusações envolvem mortes. Se julgados na Itália, poderiam ser condenados à prisão perpétua. Capaldo começou as investigações em 1998, após receber queixas de famílias das vítimas e conseguir acusar não apenas os diretamente responsáveis pelos crimes, mas também os chefes e funcionários que orquestraram a perseguição política. Sob o plano conhecido como Operação Condor, os governos militares totalitários que dominaram a América do Sul cooperaram para reprimir, prender e deportar sem qualquer procedimento legal opositores políticos. Freqüentemente, a deportação significou a morte dos presos, que eram assassinados quando chegavam aos países de origem. As vítimas italianas listadas no caso incluem Juan Montiglio, um ex-guarda do presidente chileno Salvador Allende, que foi preso, torturado e morto durante o golpe de Estado de Augusto Pinochet, em 1973. Também estão sendo investigadas a morte de um ex-padre no Chile e o desaparecimento de um guerrilheiro ítalo-argentino capturado em 1980 no aeroporto do Rio de Janeiro. Até agora, o inquérito só resultou em uma prisão, a de Nestor Jorge Fernandez Troccoli, de 60 anos, um ex-oficial da Marinha uruguaia que recentemente se tornou cidadão italiano e foi preso no mês passado, perto da cidade de Salerno, no Sul da Itália. Ele é acusado pelo desaparecimento de seis italianos no Uruguai. Como a Justiça italiana comunicou à Interpol os pedidos de prisão, os gaúchos denunciados na Itália estão presos no Brasil. Se puserem um pé fora do País, serão presos e conduzidos para a Itália, assim como o ex-banqueiro Salvatore Cacciola, preso em Montecarlo pela Interpol, a partir de pedido do Brasil, poderá ser recambiado para cá.

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