sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Compra da Brasil Telecom pela Oi derruba ações

A possibilidade de ter o controle vendido para a Oi (antiga Telemar) derrubou as ações da Brasil Telecom no pregão desta quinta-feira, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Após experimentar uma alta de 102,8% nos 12 meses encerrados na quarta-feira, o papel preferencial da Brasil Telecom S.A. mostrou que de 4,86%, negociado R$ 17,79. A ação preferencial da BrT Participações caiu 5,55%, a R$ 26,71. Ao mesmo tempo, os papéis ordinários da Telemar operadora tinham alta de 9,25%, a R$ 73,20, enquanto os preferenciais subiam 12,95%, a R$ 43,85. Segundo analistas do setor, a opção pela venda à Oi pareceu menos positiva aos minoritários do que a reestruturação que vinha sendo planejada, pela qual seria desfeito o confuso nó societário em que a BrT se encontra atualmente e que foi palco de diversos conflitos. O acionista minoritário vê risco em não ter idéia de como será a compra e em como ficará a Brasil Telecom, se será subsidiária da Telemar ou se será incorporada. Com a compra da BrT, a operadora poderá voltar a ser o destino de grandes e novos investidores. Com faturamento anual próximo dos R$ 30 bilhões, a nova companhia poderia criar valor em termos de dividendos. Embora fontes familiarizadas com o negócio tenham informado o acerto entre as empresas e que a Oi teria feito a proposta de R$ 4,8 bilhões, a lei atual não permite o negócio. O Plano Geral de Outorgas impede que os mesmos acionistas tenham o controle de duas concessionárias. Mas, o governo Lula acena com uma mudança na legislação. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, que está de férias em Miami, afirmou que há disposição em alterar, por meio de um decreto presidencial, o Plano Geral de Outorgas. Oficialmente, a Oi confirma apenas que as negociações com os controladores da Brasil Telecom se intensificaram nas últimas horas. Portanto, a Operação Telemar-Brasil Telecom só se realiza se Lula fizer um decreto para beneficiar seus amigos e os sócios de seu filho Lulinha. A nova superoperadora de telefonia teria dois controladores: Andrade Gutierrez, do empresário Sérgio Andrade, e La Fonte, de Carlos Jereissati. O BNDES entraria financiando parte do negócio. A GP, uma das atuais controladoras da Telemar, sai da empresa. E o Citi deixa a BrT. O acerto foi feito. Agora, é necessário que seja alterada a lei que regulamenta as telecomunicações para que a transação seja concluída, e isso acontecerá ainda este mês. Pela legislação em vigor, a compra não é permitida. Mas a ordem para a alteração na lei já foi transmitida pelo Palácio do Planalto que, no último trimestre do ano passado, deu o sinal verde para que o negócio fosse tocado. A idéia é que seja criada uma grande empresa de telefonia de capital “nacional” para competir com os espanhóis (Telefonica e Vivo) e mexicanos (Claro e Embratel). Há duas semanas o negócio estava por um fio para ser fechado. Os fundos de pensão e o Citibank (controladores da BrT) pediam 16 bilhões de reais pela operadora, o que significa 5,2 bilhões de reais pela participação deles. A oferta da Telemar era de 15 bilhões - ou 4,5 bilhões de reais pela parte dos fundos/Citi. O acordo final acabou saindo por 4,8 bilhões. Um dos donos da Telemar é Sérgio Andrade, da empreiteira Andrade Gutierrez. É amigo pessoal de Lula, o grande entusiasta da operação. O outro é Carlos Jereissati, do Grupo La Fonte. A Telemar é aquela empresa que injetou R$ 15 milhões na Gamecorp, a empresa de Fábio Luís da Silva, o Lulinha. O que espanta é que hoje o negócio é ilegal. O Decreto nº 2.534, de 1998, que aprovou o Plano Geral de Outorgas, obriga uma concessionária que comprar outra a renunciar à concessão original em seis meses. O objetivo é justamente impedir a concentração do setor na mão de poucas operadoras. Acontece que o presidente Lula, amigo de Sérgio Andrade e pai de Lulinha, já se comprometeu a mudar o decreto. Ou seja, haverá um decreto do presidente da República para beneficiar uma empresa, que beneficiou o seu filho. A trajetória profissional de Fábio Luís, o Lulinha, mudou de verdade após o papaizinho colocar a faixa presidencial. Foi só depois da posse que seus fenomenais dons empresariais passaram a se manifestar. E foi tão bem sucedido que o orgulhoso papaizinho prejudicial o chamou de um Ronaldinho dos negócios. Esse dom do filho do presidente se revelou especialmente no episódio de sua associação com a Telemar. Sabe-se agora que os 15 milhões de reais investidos pela Telemar na empresa de Lulinha não foram um investimento qualquer.

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